quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Câmara Municipal de Maceió concede título de Cidadão Honorário ao cineasta Hermano Figueiredo


A Câmara Municipal de Maceió aprovou, nesta quinta-feira (12), a concessão do título de Cidadão Honorário ao cineasta Hermano Figueiredo, diretor de filmes como Mirante Mercado e São Luis Caleidoscópio. O projeto foi apresentado pelo vereador Ricardo Barbosa (PSOL) que considera a trajetória do artista dentro do cinema alagoano uma justificativa clara e suficiente para torná-lo um cidadão maceioense.


A entrega do título ainda será marcada pela Câmara Municipal, que depende tanto da disponibilidade de dias neste fim do ano para realizar a sessão especial, quanto pela vinda de Hermano Figueiredo, que atualmente está morando no Rio de Janeiro, trabalhando como coordenador nacional do Projeto Olhar Brasil. Confira abaixo quem é Hermano Figueiredo.


Pequena polêmica


A sessão desta quinta-feira (11) também foi marcada pela aprovação de um projeto de lei que autoriza o empréstimo, concedido pelo BNDES, de R$ 6,2 milhões à Prefeitura de Maceió, que será utilizado para a aquisição de 31 ônibus escolares. O vereador Ricardo Barbosa aproveitou a oportunidade para criticar não o projeto, mas a forma como ele foi tramitado dentro da Câmara.


O documento chegou na última quarta-feira às mãos do presidente da Casa, o vereador Dudu Hollanda (PMN), e no Diário Oficial dessa quinta-feira já havia um parecer publicado sem que o projeto tivesse sido lido em alguma sessão. Outros vereadores como Sílvio Camelo (PV) e Thereza Nelma (PSB) também se mostraram preocupado com a forma que o projeto foi tramitado e com os precedentes que ele pode abrir na Câmara.


O vereador Ricardo Barbosa lembrou ainda que só foi possível utilizar esse mecanismo de aprovação porque o projeto era de interesse da Prefeitura. O parlamentar afirmou que se a oposição precisasse aprovar algo nessa velocidade, dificilmente conseguiria mobilizar todos os vereadores e órgãos oficiais para obter sucesso.


Quem é Hermano Figueiredo? (texto extraído do portal Overmundo)


Hermano Figueiredo é um pernambucano nascido em Campina Grande-PB, que se considera "mais alagoano que o pé de pau da praça Rayol" (referindo-se à árvore centenária localizada no bairro do Jaraguá, em Maceió). Sua história com o cinema vem desde menino, mas foi na década de 70 que iniciou um trabalho não-mercadológico com o sétima arte, organizando exibições de filmes no Cine Teatro do Parque e no Cine Art Palácio, em Recife. Embrenhou-se pelos caminhos do teatro, mas trocou-o pelo cinema. Aliás, trocou, não. A veia teatral (e a paixão pelo que faz) se revela em uma simples apresentação de filme, o que lhe valeu o adjetivo de "cineclubático-performático" no meio cinematográfico. "Queria compartilhar com outros os filmes que queria ver", simplifica. Em 1978, no Cine Teatro do Parque, anunciou O pagador de promessas, de Anselmo Duarte, mas lá o público teve uma surpresa: era Encouraçado Potekim, de Sergei Eisenstein, proibido pela ditadura brasileira, que seria exibido.


Na década de 80, continuou sua peregrinação pelo cineclubismo, tornando-se uma das lideranças nacionais. Para ele, um filme sempre era mais do que uma projeção: era um espetáculo, uma possibilidade de ação social. O cinema itinerante invadiu grotas, vilas, favelas e bairros da periferia de cidades como Campina Grande, Maceió, Fortaleza e Natal. Hermano acabou revelando sua paixão também detrás das câmaras, em produções como São Luís Caleidoscópio, sobre a cultura popular do Maranhão; Choveu, e daí?, relatando experiências de convivência com o semi-árido alagoano e O que vale no Vale, que aborda o cooperativismo no Vale da Paraíba. Recentemente, lançou A última feira, retratando o derradeiro dia de funcionamento da histórica feira de Arapiraca, já cantada por Hermeto Pascoal. O curta, de 17 minutos, já foi premiado no Festival de São Carlos e exibido no Festival de Tiradentes.


O convite para participar do Festival de Cinema de Maceió pela então prefeita Kátia Born acabou aproximando-o ainda mais de terra, onde acabou se fixando, em 1998 ("Apesar do festival praticamente não ter existido", denuncia). Mirante Mercado, seu penúltimo filme, é uma declaração de amor à cidade. Não uma declaração formal e simples, ressaltando suas belezas naturais, mas ao seu povo. "Existem inúmeras Bahias, São Paulos, Alagoas. Você escolhe que Estado, que País você quer ver. Eu escolhi a Alagoas de um povo forte, criativo, belo", conta.


No filme, Hermano colhe depoimentos de pessoas que nunca chegaram a ter uma carteira de trabalho. Mirante Mercado era um nome de uma antiga linha de ônibus em Maceió, mas é também uma contraposição: mirante representa beleza, sonho; enquanto que mercado dá a idéia de trabalho, de luta pela sobrevivência. Na tela, personagens inusitados: poeta de feira, amolador de tesoura, vendedor de veneno, um carroceiro que se intitula o homem-motor-sem destino, o vendedor de amendoim que, com sua lábia peculiar vende produtos "diet, light e kuat" e diz que não "nasceu para ser mais um". Hermano também não. E assim segue, revelando os Brasis dentro de Alagoas e do Brasil.

(Imagem: Divulgação)

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