sexta-feira, 10 de julho de 2009

Saiu na Imprensa

Câmara estuda título a suposto espião da ditadura

A concessão de um título de cidadão honorário a um agente da Associação Brasileira de Inteligência (Abin) que trabalhou no serviço de inteligência da agência durante a ditadura militar em Alagoas divide opiniões na Câmara de Vereadores de Maceió. Um dos parlamentares pediu esclarecimentos sobre o passado do agente na Abin, órgão que espionava os opositores ao regime militar.

Trata-se do diretor da Abin alagoana, Lima Fonseca da Silva Sobrinho. Em 1979, ele entrou na agência como serviços gerais e recebeu treinamento para o serviço de inteligência da Abin, segundo consta em seu currículo, entregue a Câmara. O vereador Ricardo Barbosa (PSOL) quer que Sílvio Camelo (PV), autor da entrega do título, ofereça “justificativas de contribuição com a luta democrática e contra o crime e a corrupção”, conforme despacho publicado ontem, no Diário Oficial do Município. “Em atenção a Projeto objeto de análise, vê-se que o mesmo visa conceder título de Cidadão Honorário a quem exibe em seu currículo ter participado de ‘serviços de inteligência’ em plena época em que os brasileiros viviam sob o obscurantismo do regime ditatorial militar”,diz outro trecho do processo de decreto legislativo 07/09.

“Ele não era espião, tenho certeza”, defendeu Camelo. O diretor não foi localizado por O JORNAL.

No período da ditadura militar brasileira (1964-1985), a agência, na época o Serviço Nacional de Informações (SNI), tornou-se famosa por espionar os opositores ao regime, oferecendo as informações às forças armadas ou a órgãos de repressão do Governo Federal. Até hoje, a abertura dos arquivos da Abin gera polêmica no Brasil, o que supostamente revelaria a identidade de assassinos, torturadores ou participantes indiretos do regime. Seus agentes eram infiltrados em diretórios estudantis, repartições públicas ou empresas privadas. A Abin é vinculada ao gabinete de Segurança Institucional, da Presidência da República e hoje passa por reformulação, sob a justificativa de estar sucateada. Nas discussões internas, o trabalho da agência pode ser voltado para impedir ações terroristas ou de sabotagem, livrando-se do passado de “arapongagem”.

“Houve vereadores que não aceitaram ficar com a ‘batata quente’ nas mãos e passaram a concessão deste título para ser apreciado pelo Ricardo Barbosa”, contou um vereador, pedindo sigilo.

“Este agente foi condecorado pelo Exército na época da ditadura. Diante do fato de não termos conhecimento a respeito desta pessoa, queremos saber mais dos serviços que ela prestava na época da ditadura”, afirmou Ricardo Barbosa.

“Há pessoas do aparelho do Estado que, mesmo representativos da ditadura, receberam o título de cidadão honorário. Sabemos da atuação da Polícia Federal na época dos militares no poder, mas a Câmara deu o título para o delegado da PF, José Pinto de Luna, por causa do trabalho dele no combate à corrupção. Se o Lima Fonseca nos puder comprovar este trabalho para o regime democrático, o título será dado”, contou o vereador do PSOL.

“O Lima é representante da Abin em Alagoas e trabalha na área de investigação. Não fez espionagem e nem é militar. Há pessoas na Marinha que ganharam títulos de cidadão honorário e a Marinha não era vinculada ditadura? Este agente trabalha na Abin, mas não é espião e possui serviços relevantes em Alagoas”, repetiu Sílvio Camelo, autor e defensor do projeto.

“Eu segui o entendimento do Ricardo. Queremos mais informações sobre este agente da Abin. Não temos conhecimento de quem é este senhor”, afirmou a vereadora Tereza Nelma (PSB).

Blog do Odilon - Alagoas 24 Horas - 10/07/2009

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